4.8.09

Post 01 - Sobre história, guiões e impossibilidades

Hoje ao almoço reuni com o Dino Oliveira, o nosso responsável da produção técnica e futuro segundo realizador e editor, e saí de lá com um sorriso nos lábios. Primeiro, porque o frango assado da "Valenciana" é mesmo um dos melhores da cidade e, segundo, porque as coisas parecem estar bem melhores do que eu pensava.
Além de uma breve troca de impressões sobre as complicadas agendas de gravação, fiquei a saber que estamos muito melhor tecnicamente do que aquilo que calculava, até mesmo com a hipótese de virmos a contar com uma grua para as filmagens, provavelmente uma minijib. O que me deixa muito mais relaxado no que toca também aos guiões.

Imaginar uma história não é complicado, basta reunir alguns ingredientes fundamentais e gerir um fio narrativo. Complicado é fazer algo filmável, mantendo a tensão e o interesse. Algo que se possa gravar, sem cair em excessos impossíveis ou em necessidades técnicas inalcançáveis.
Logo à partida, uma das limitações é o tempo de cada episódio, 10 minutos, o que se traduz em 8' de acção efectiva. Decidimos assim por causa do Youtube, que impõe este limite de tempo, e não queremos prescindir daquele que é o maior site vídeo do mundo.
Ora acontece que oito minutos acaba por ser pouco tempo para quem quer narrar não só uma história geral (o fio condutor da série), mas pelo menos um acontecimento importante por cada episódio.
No entanto, esta aparente limitação está a revelar-se também um fantástico incentivo: sem tempo para grandes floreados, temos que manter um ritmo acelerado, tanto na história como na montagem - planos rápidos, dinâmicos, intensos.

O guião de cada episódio demora, em média, dois dias a ser feito. Tendo uma estrutura de acontecimentos definida, há que lançar para o papel os diálogos e todas as observações importantes sobre a acção. De seguida, há que limpar excessos - eliminar falas e ideias desnecessárias, limar arestas, redesenhar acontecimentos. Aparentemente acabado, um guião acaba normalmente por ainda ser modificado quando se avança para o seguinte - muitas vezes sente-se falta de que algo tivesse sido dito ou feito num capítulo anterior. Parece demorado, mas acaba por ser divertido (embora relativamente doloroso).

Neste momento tenho o terceiro guião acabado e estou a reescrever a estrutura até ao oitavo. Acho que vamos ter aqui boas sequências - gosto de visualizar mentalmente as cenas que vou escrevendo, plano por plano, e já deu para perceber que vamos ter algumas valentes dores de cabeça com alguns momentos mais agitados.

Uma das maiores motivações é o espírito de equipa. Ao contrário do que é normal, até agora ninguém tem dito "isso é impossível", e acreditem que temos algumas sequências dignas de Hollywood. Ou de Bollywood, se quisermos subir a fasquia. Mas é este espírito que está a espalhar adrenalina entre a equipa, "porque não uma explosão" ou "e se o prédio caísse?". Mesmo que não consigamos gravar alguns desses desafios, sei que pelo menos vamos atingir o pico do impossível. Ou improvável.

As primeiras gravações devem arrancar já para a semana. Entretanto, há uma série de planos que vamos gravar para mais experiências de efeitos visuais, além de várias imagens que queremos recolher para o genérico e planos de corte. Pela forma como as coisas estão a andar, acho que até vamos conseguir alguns planos aéreos, o que seria um luxo.
Agora vou-me sentar novamente em frente a uma folha em branco e deixar sair mais algumas ideias para o papel. A noite promete ser longa.

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